13.10.10


"Querido John, Há tanta coisa que quero dizer para você,mas não tenho certeza por onde devo
começar.
Devo começar dizendo que te amo? Ou que os dias que passei com você foram, os mais felizes da minha vida?
Ou que, no curto espaço de tempo que nos conhecemos, passei a acreditar que fomos feitos um para o outro?
Poderia dizer todas essas coisas e tudo seria verdade, mas, enquanto releio essas palavras a única coisa que passa pela minha cabeça é que queria estar com você agora, segurando sua mão e olhando seu sorriso efusivo.
No futuro, sei que vou reviver o tempo que passamos juntos mil vezes.
Vou ouvir seu riso, ver seu rosto e sentir seus braços em torno de mim.
Vou sentir falta de tudo isso, mais do que você pode imaginar.
Você é um cavalheiro raro, John, eu estimo isso em você.
Todo o tempo em que estivemos juntos, você nunca me pressionou para dormir com você, e eu não posso dizer o quanto isso significa para mim.
Tornou o que temos ainda mais especial, e é assim que eu quero me lembrar para sempre do período que passamos juntos.
Como uma luz branca e pura, cuja contemplação é de tirar o fôlego.
Penso em você todos os dias e sei que, quando for te ver amanhã, dizer adeus será a coisa mais difícil que já fiz.
Parte de mim teme que chegue um momento no qual você não sinta mais o mesmo sentimento, que por algum motivo você esqueça do que nós compartilhamos, então é isso que eu quero fazer. Onde quer que você esteja e não importa o que esteja acontecendo em sua vida - quero que você a encontre no céu noturno.
Quero que você pense em mim, e na semana que partilhamos, porque, seja onde for, seja o que estiver acontecendo na minha vida, é exatamente isso o que eu vou fazer. Se não podemos estar juntos, pelo menos compartilhar isso, e talvez
entre nós, sejamos capazes de fazer isso durar para sempre.

Eu te amo, John Tyree, eu vou agarrar-me á promessa que uma vez você fez a mim.
Se você voltar, vou me casar com você.
Se você quebrar a sua promessa, vai partir meu coração!"

10.9.10

Satisfações

O blog anda um pouco muito parado. Isso deve-se a minha falta de tempo, como também à minha vida chatinha.
Meu coração, coitado, está mais parecendo uma pedra de mármore, tamanha a frieza e falta de sentimentos.
Espero que em breve ele volte a pulsar tão forte quanto outrora, nem que seja por segundos, ou frações de segundos, mas que seja tempo suficiente pra que eu me sinta, no mínimo, uma louca perturbada e desequilibrada que acabou de encontrar seu mais novo único e verdadeiro grande amor. 
Enquanto isso não acontece, deixo vocês com um delicioso texto chamado 'O Sal' de Luciana Elaiuy:


"Saiu para comprar sal. Nem sempre a doce vida é a melhor vida. Doce enjoa. O Sal dá sede. Sal deixa a gente vivo. Ele saiu para comprar sal. Deixou a casa acesa. A luz em cima da mesa. A busca é sempre a mesma: levar o sal pra casa, tempero de uma risada, graça até pro copo d´água, mas a sede é sempre vesga.
Ele cruzou esquinas, cruzou os dedos, mal sabia. O sal era a ausência que ele deixava quando saía, era o frio de estar sozinho, o sal era só até a esquina, era ela sentir a falta um pouquinho. E ela sentiu. Por isso temperou os planos pro futuro com têmporas tensas e empolgadas. Visões um tanto salgadas, mão molhada, ela sob a luz daquela mesa. Esfomeada. Esperou. Mais um tanto de espera, mais um tanto de espera, mais um tanto de espera, mais um tanto de espera: ele não voltou. Pesou demais a mão no tempo e o tempero dessalgou. Ela escreveu na geladeira “o sal acabou”. E saiu pra comprar um doce, mas a busca é sempre por amor."


26.7.10

Pormenores Urbanos


Tudo o que ela dizia era:
- Casquinha um e cinquenta, cascão dois e trinta.
Apesar da fala escassa, Andréa tinha pensamentos desmedidos, que entravam em conflito entre si. Andréa gostava de imaginar como seria a vida das pessoas que por ali passavam.
A maquininha de sorvete na qual ela trabalhava ficava dentro de uma daquelas galerias antigas, bem estilo latino-americano, às vezes a essência do sorvete se misturava com o cheiro do fumo de corda e do óleo saturado do pastel. A vista era fixa nas suas seis horas de trabalho. Em pé ela via, a lojinha de quinquilharias "MADE IN TAIWAN" e seu Vendedor Sul-Coreano, amargo e de poucas palavras, vai ver que ele não falava muito por não saber o português, pensava Andréa. Além dele, havia a Mocinha do Açaí, essa era simpatia pura, porém, Andréa desconfiava daquela alegria toda e se irritava fácil quando a moça dizia "tá uma delícia", é claro que ela iria dizer que o açaí estava bom, Andréa caia no riso mental quando montava cenas em sua cabeça:
- Me vê um açaí na tigela?
-Sim, mas o sabor é horrível e lembra terra, sabe?
-Tudo bem, eu gosto do sabor.
-Mas não deveria, pois...
Para ela, a Moça do Açaí era alérgica ao fruto e odiava o sabor. Diante de cenas como essas, brotadas da grande imaginação de Andréa, ela passava seu tempo, confabulando sobre a vida de cada um que por ali passava: A Velha de Bengala, Os Meninos Que Corriam Pelo Corredor, A Do Vestido Curto, O Barbeiro Efeminado, A Pipoqueira, O Patrão. Todos personagens de uma vida(com trama, enredo, roteiro, conclusão e fim) alheia à sua.
Terminado seu expediente, ela caminhava pelos corredores úmidos da galeria até chegar na calçada onde seguia até o ponto de ônibus, a cada passo, Andréa percebia que ela era A Moça Do Sorvete Expresso, e que nada poderia imaginar sobre si própria, pois, conhecia sua realidade "Casquinha um e cinquenta, cascão dois e trinta", e assim se poupava de ter um sonho próprio. Naquele momento um sentimento de tristeza subiu-lhe à garganta, como se tivesse engasgado ao contrário, e por um instante ela tentou criar cenas - Cenas de Andréa, porém, quando caiu em si, estava no banco do ônibus e ao seu lado estava uma mulher com uma sacola gigante, então toda a tristeza desapareceu, como se alguém tivesse dado-lhe alguns tapas nas costas, e a partir dali, uma nova história surgia, a Da Mulher Da Sacola Gigante. E até a próxima parada, sua mente estaria ocupada.
Entender?
Vai ver que nem Andréa mesmo entendia, e nem se preocupava, pois, sua rua era bastante movimentada.

20.7.10

No picadeiro...

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A vida, pilantra que só ela, vez ou outra se encarrega de nos apresentar verdadeiras anedotas ambulantes. O palhaço arrogante costuma levar sua vidinha tentando buscar o porquê de sua arrogância. Ele discute sobre assunto que não tem conhecimento, fala asneiras, conta vantagens, faz cara de intelectual, ostenta-se com o pouco que conseguiu e não percebe a falta de motivos para ser assim, o que o torna ainda mais ridículo. Mas como sua arrogância não o permite enxergar seu próprio nariz (pra não dizer rabo), ele prossegue com críticas idiotas e sem sentido, talvez pra esquecer o fato de não ser aquilo que sempre idealizou. Com tudo isso, ele sempre torna-se alvo de piadas, e não poderia ser diferente, afinal é isso que ele é: um palhaço.

14.7.10

A borboleta que virou lagarta

Enquanto outras mentes se dedicam a números e formas racionais, meu universo paralelo se sobressai sobre vias-láctea e  planetas.
Sinto que os ponteiros não se importam em correr tanto, e eu, assim como eles, pouco me importo com isso. O peso das horas se tornou indolor, e eu quase não sinto culpa. Há meses atrás era verão, mas enquanto pisquei os olhos chegou o inverno - o veneno desta estação tem sido procurar em todas as cenas as respostas para vinte e dois anos de exaustiva atuação.
Tantas sombras e nenhuma diz a que veio. As horas de hoje são dissolvidas nos gelados goles de cerveja aos sábados, elevando à memória o espaço vazio ao lado e o vazio de dentro, triplicado pelo álcool e por esta mente que borbulha incertezas. E é sempre na manhã seguinte que o peso da noite passada surte efeito sobre carne e espírito.
Do outro lado da janela tudo parece, e creio que sempre parecerá mais fácil. Enquanto o ônibus roda, a cabeça gira e o mundo brinca de ciranda em mim. Admito que não importa o quão livre sejamos, há sempre uma bagagem a ser presa até nos mais finos calcanhares.
Respiro uma liberdade contida, vistoriada, calculada, pensada e amarelada de tanto medo. É chuva que não molha por completo, copos que só causam ressaca, causas que só causam peso.
Precisar pensar se dou mais um passo aos moinhos é pior do que pensar se eles deveras existem.