14.7.10

A borboleta que virou lagarta

Enquanto outras mentes se dedicam a números e formas racionais, meu universo paralelo se sobressai sobre vias-láctea e  planetas.
Sinto que os ponteiros não se importam em correr tanto, e eu, assim como eles, pouco me importo com isso. O peso das horas se tornou indolor, e eu quase não sinto culpa. Há meses atrás era verão, mas enquanto pisquei os olhos chegou o inverno - o veneno desta estação tem sido procurar em todas as cenas as respostas para vinte e dois anos de exaustiva atuação.
Tantas sombras e nenhuma diz a que veio. As horas de hoje são dissolvidas nos gelados goles de cerveja aos sábados, elevando à memória o espaço vazio ao lado e o vazio de dentro, triplicado pelo álcool e por esta mente que borbulha incertezas. E é sempre na manhã seguinte que o peso da noite passada surte efeito sobre carne e espírito.
Do outro lado da janela tudo parece, e creio que sempre parecerá mais fácil. Enquanto o ônibus roda, a cabeça gira e o mundo brinca de ciranda em mim. Admito que não importa o quão livre sejamos, há sempre uma bagagem a ser presa até nos mais finos calcanhares.
Respiro uma liberdade contida, vistoriada, calculada, pensada e amarelada de tanto medo. É chuva que não molha por completo, copos que só causam ressaca, causas que só causam peso.
Precisar pensar se dou mais um passo aos moinhos é pior do que pensar se eles deveras existem.

2 comentários:

  1. Simplesmente amei o texto!
    amei o blog também.

    Seguindo *-*
    Segue também ?

    beijos :**

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  2. Olá, desculpe invadir seu espaço assim sem avisar. Meu nome é Fabrício e cheguei até vc através do Blog do Mar Íntimo. Bom, tanta ousadia minha é para convidar vc pra seguir meu blog Narroterapia. Sabe como é, né? Quem escreve precisa de outro alguém do outro lado. Além disso, sinceramente gostei do seu comentário e do comentário de outras pessoas. Estou me aprimorando, e com os comentários sinceros posso me nortear melhor. Divulgar não é tb nenhuma heresia, haja vista que no meio literário isso faz diferença na distribuição de um livro. Muitos autores divulgam seu trabalho até na televisão. Escrever é possível, divulgar é preciso! (rs) Dei uma linda no seu texto, vou continuar passando por aqui...rs



    Narroterapia:

    Uma terapia pra quem gosta de escrever. Assim é a narroterapia. São narrativas de fatos e sentimentos. Palavras sem nome, tímidas, nunca saíram de dentro, sempre morreram na garganta. Palavras com almas de puta que pelo menos enrubescem como as prostitutas de Doistoéviski, certamente um alívio para o pensamento, o mais arisco dos animais.


    Espero que vc aceite meu convite e siga meu blog, será um prazer ver seu rosto ali.


    Abraços

    http://narroterapia.blogspot.com/

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